OS BEBÊS E A TECNOLOGIA

Uma reflexão pertinente da atualidade é sobre essa geração aonde os filhos; nativos digitais, ou seja, que nasceram já na era digital, são diferentes dos pais, que são denominados imigrantes digitais. 

O termo “imigrantes digitais” se refere a uma geração que não nasceu na era digital, mas se adaptou a ela e faz uso de seus benefícios.

Os alunos de hoje- do maternal à faculdade – representam as primeiras gerações que cresceram com esta nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira cercados e usando computadores, vídeo, games, tocadores de música digitais, câmeras de vídeo, telefones celulares, e todos os brinquedos e ferramentas da era digital. Em média, um aluno graduado atual passou menos de 5.000 horas de sua vida lendo, mas acima de 10.000 horas jogando vídeo games (sem contar as 20.000 horas assistindo televisão).Os jogos de computadores, email, a Internet, os telefones celulares e as mensagens instantâneas são partes integrais de suas vidas. Agora fica claro que como resultado deste ambiente onipresente e o grande volume de interação com a tecnologia, os alunos de hoje pensam e processam as informações bem diferentes das gerações anteriores. Estas diferenças vão mais longe e mais intensamente do que muitos educadores suspeitam ou percebem. “Tipos distintos de experiências levam à distintas estruturas de pensamento” diz Dr. Bruce D. Barry da Faculdade de Medicina Baylor… é bem provável que as mentes de nossos alunos tenham mudado fisicamente, e sejam diferentes das nossas, sendo resultado de como eles cresceram. Mas se isso é verdade ou não, nós podemos afirmar apenas com certeza que os modelos de pensamento mudaram. (Presnky, 2001). 

 

Se a criança aprende através de suas experiências sensoriais; o toque, o cheiro, o sabor, enfim algo concreto, até que ponto essas experiências reais estão sendo substituídas por tecnologias que podem comprometer as interações pessoais (pais/filhos) e substituir as vivências concretas, fundamentais na construção do repertório da criança ao longo de sua Infância? 

Será que não existe uma diferença entre os imigrantes digitais que tiveram a possibilidade dessas experiências reais, concretas e agora se beneficiam da tecnologia e os nativos digitais que podem estar sendo privados dessa etapa?

Esse é um ponto que sempre questiono na medida que o mundo digital nos apresenta dispositivos que tem como propósito ampliar nossas experiências. Será que jogos, aparatos 3D, por mais realistas que sejam, proporcionam aos bebês a mesma experiência que o mundo real, concreto, sensorial? E ainda, será que tem a capacidade de exercitar seus músculos sociais?

Considero a tecnologia uma ferramenta muito útil, nos permite avançar como nunca, nos favorece em muitos aspectos, mas estudos comprovam  que precisa ser usada com cautela, quando se trata de crianças, principalmente na faixa etária de 0 a 3 anos, momento crucial aonde as relações com o mundo e com as pessoas ao seu redor são a base para a construção do sujeito. Para que a interação entre adulto e criança possa ser de fato um encontro, adulto e criança devem se implicar neste encontro, e para isso precisam estar disponíveis.

A Academia Americana de Pediatria recomenda tempo zero em frente à tela para bebês com menos de 2 anos e a Sociedade Pediátrica Canadense recomenda não mais de trinta minutos por dia para crianças na mesma faixa etária.

Permitir que a criança seja ela mesma, se retirar um pouco, deixá-la respirar, cometer erros, assumir riscos, sonhar, ter prazer na suas próprias descobertas e, porque não, tempo para fracassar também. De quanta liberdade precisam? Quanta tecnologia? Difícil precisar, mas, acredito que descobriremos o melhor caminho partindo do pressuposto de que não se pode negligenciar que bebês precisam de conexões humanas, aprendem na interação com pessoas significativas para eles. 

Nascemos com uma “programação” que nos possibilita o aprendizado desde o nascimento, mas que terá seu potencial atingido se estivermos emocional e psicologicamente preparados. Para isso devemos deixar que as crianças adquiriram suas habilidades interpessoais em situações da vida real.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *